Sentei-me ao lado do tempo
Num eléctrico amarelo
Senti-me um rei em viagem
Sobre rodas num castelo
Da janela os jardins
Eram Legos fabulosos
Com faunos e arlequins
E arcanjos preguiçosos
Uma voz disse cordata
«O bilhete por favor»
É de pura prata
O alicate do revisor
Depois tudo se sumia
Ao chegar ao meu destino
O passageiro crescia
E deixava de ser menino
Não vi o tempo ao meu lado
Nem dei por ele descer
Ia no passeio apressado
Rumo àquilo que eu vou ser
Lá vai o eléctrico lá vai
É bonita essa aguarela
Menino ao colo do pai
Dizendo adeus à janela